AMOTINADOS

23.4.19

Fantasma de mim mesmo


Dor que tira a calma, embaraça a alma, desfaz a trama, restaura o trauma. Envenena a água, destrói a flora, aniquila a fauna e a ferida salga. Revigora a chaga, arrebenta a válvula, invade o quarto, a copa e a sala. A verdade clara, porrada na cara até que a máscara caia, a fidelidade traia e o ar se esvaia. É morte à bala, lança que empala e a ruína embala. O sol me flagra escalando a escada. Mulheres de saias, solos de guitarras e o murmúrio insidioso das vaias. Incas, Astecas e Maias. A noite chega com a velocidade de um impala, arrastando a cauda, exibindo as patas, encobrindo a praia, envolvendo montanhas, rios, florestas e matas. A alegria atirada à vala. A dispensa farta, no coração a falta. Desfaço as malas e a angústia no peito cala.

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